quinta-feira, 9 de maio de 2013

Os primórdios da Vila São Pedro





A infância nos tempos mais primórdios de Vila São Pedro foi mais do que legal. Minha família foi uma das ultimas a mudar efetivamente para o tal bairro, mas eu frequento aqui desde meus cinco aninhos, quando a Vila não passava de nada e era um bairro sem nome.

Quando algumas famílias já tinha se instalado por aqui, a pivetaiada veio junto. Quando a família do Rodrigo Portuga mudou para a vila (há algum tempo...), ele viu aquele monte de moleque parado, sem fazer nada, e então perguntou: “Vocês não jogam futebol?” A resposta foi: “Não jogamos, e não temos bola!” Foi aí que ele apresentou a arte do futebol para a Vila São Pedro, com uma bola que veio junto no caminhão da mudança, virando o Charles Miller do bairro.

A vila era tão perigosa antes, que quem estudava no período da manhã geralmente tinha que pular um cadáver para ir à escola, sem exagero nenhum da minha parte. Algumas vezes, estávamos brincando de polícia e ladrão, quando ouvíamos barulhos de tiros de verdade. Um perguntava para o outro: “sua arma está carregada? Não? Então corre que é tiroteio!”.

Mesmo com os perigos de antes, era mais fácil dos pais criarem os seus filhos. Apesar de ser meio no estilo velho-oeste, as brincadeiras eram mais saudáveis, não havia muito movimento nas ruas e os pais sabiam com quem os filhos andavam. Obviamente que existiam as drogas, mas não eram banalizadas iguais são hoje, onde os usuários acham bonito que saibam que ele é o bam-bam-bam e que usa uma droguinha, e ainda soltam a fumaça da “erva” na nossa cara. Para mim, não passam de uns retardados.

Mas a vida segue e cada um toma seu rumo, todos cresceram, alguns se reproduziram, outros não conheceram ainda o “método de reprodução”, outros partiram desta para a melhor, vários se casaram, alguns de uma geração depois da nossa já estão contaminados, falando só de carro, moto, Nextel, funk, roupa e tênis de marca e essas outras porcarias futilidades, esquecendo que as melhores coisas da vida o dinheiro não paga.

Já que citei novas gerações, os garotos de hoje em dia, pelo que vejo, jamais descerão a rua de carrinho de rolimã. Nos tempos mais primórdios, por as ruas serem de barro, os carrinhos eram feitos com rodas de triciclos e se transformavam em verdadeiros Off-Road. O tempo passa e as coisas mudam, a única coisa que não muda é que minha rua continua sendo de barro. Acho que ninguém a pavimenta porque virou patrimônio histórico, por tudo que vivemos aqui.

Acabaram-se muitas tradições que eram divididas por épocas no ano, como peão e as bolinhas de gude, por exemplo. Se eu for contar todas as histórias que presenciei ou vivenciei, com certeza dava para escrever uma série com uns 250 livros. Alguns exemplos clássicos são: Um garoto que furava o colchão para jogar bolinha de gude, e a vó dele pensava que era ratos que estavam roendo os colchões.

Hoje vejo esses moleques entojados só falando de videogame, o dia todo na internet. Se quiserem falar um com o outro, mandam SMS ou entram no MSN, mesmo morando na casa do lado. Acho que a pivetaiada que hoje em dia prefere soltar pipa dentro de casa, no ventilador, do que ter a emoção de subir na laje como nos velhos tempos. Eu não soltava pipa não, mas gostava de correr atrás do famoso “mandadão”, pois eu era (e continuo) sendo o mais alto da turma, então tinha vantagem! Pegava a pipa e vendia pra alguém, ou simplesmente trocava por um doce ou uma tubaína. Se você é muito novo, caro leitor, vou explicar: Tubaína é um refrigerante envasado em uma garrafa igual a de cerveja, que é
a bebida mais saborosa do mundo e era a sensação entre a rapaziada, geralmente bebida direta na garrafa e custava por volta de R$0,35.

Vou parar por aqui para não me alongar mais ainda. Empolguei-me escrevendo, até peço leitura para quem teve a paciência de ler até aqui, mas foi apenas um breve, mas bem breve resumo. Tempo bom que não volta! Até entrou um cisco no meu olho quando estava à escrever, porque homem não chora...



3 comentários:

Tyna disse...

Eu simplesmente adorei sua publicação, cresci e moro na vila São Pedro tbm, e apesar de ser nova sou parte da geração que brincava de esconde-esconde na rua até tarde da noite com a melecada toda, todo mundo era amigo e quase nunca havia desentendimento entre a gente ! Fico triste ao ver crianças de hj aqui crescendo com estas ''tecnologias'', não tem como confiar em deixa-los brincar até tarde da noite.

Parabéns pelo blog.

Unknown disse...

Ameeei...esqueceu do vôlei na primeiro de maio...na ladeira...rsrs..lembranças maravilhosas que quem não viveu não sabe o quanto são importantes...adoro vcs meninos...apesar do pouco contato. ..bjs

Unknown disse...

Ameeei...esqueceu do vôlei na primeiro de maio...na ladeira...rsrs..lembranças maravilhosas que quem não viveu não sabe o quanto são importantes...adoro vcs meninos...apesar do pouco contato. ..bjs