Pode-se dizer que as artes circenses surgiram na China, onde
foram descobertas pinturas de quase 5.000 anos em que aparecem acrobatas,
contorcionistas e equilibristas. A acrobacia era uma forma de treinamento para
os guerreiros, de quem se exigia agilidade, flexibilidade e força.
Com o tempo, a essas qualidades se somaram a graça, a beleza
e a harmonia. Hoje em dia é o nosso país que é conhecido por se parecer um
circo. Sim, um grande circo sem lona. O dia do circo é comemorado dia 27 de
março, mas eu sempre achei que o dia nacional do circo fosse dia 7 de setembro,
dia da nossa independência de mentira proclamada por Dom Pedro I, porque ali
começou a série de palhaçadas que aconteceram ao longo da história.
Muitos mágicos se destacaram ao longo da história, mas vou
citar apenas um: José Adalberto Vieira da Silva, do PT, conseguiu fazer aparecer
cem mil dólares em sua cueca. Eu no máximo faço aparecer algumas manchas
marrons que ainda não identifiquei o que é.
Vários mágicos conseguem mandar dinheiro misteriosamente pro
exterior. Gostaria de aprender a fazer o tal truque do caixa dois, mas infelizmente
sou do povo e tenho que fazer outro tipo de mágica: viver com um salário
mínimo, sem saúde, educação de qualidade e ainda ser contorcionista pra me
esquivar de tiroteio na favela em que moro há mais de vinte anos e pouco vi
melhorar.
Malabaristas e equilibristas também têm seu espaço no
cenário circense nacional. Várias pessoas se equilibram em cargos públicos,
mesmo envolvidos em mensalões e vários outros tipos de corrupções. Genoíno que
o diga.
O povão também participa da brincadeira, afinal vive na
corda bamba. Sem terra, sem emprego e sem cultura, o povão tenta equilibrar as
contas, mas quando não é possível é só procurar o semáforo mais próximo e fazer
malabarismo que dá pra ganhar um trocadinho para ajudar no aluguel. O pior que
em época de enchente nem malabarismo dá para fazer, tem que fazer nado
sincronizado no farol.
No Brasil medieval em pleno século vinte e um, ainda há
pessoas que moram em castelos, como o deputado Edmar Moreira. Com seu dinheiro
suado, exatamente, o seu dinheiro suado, o meu dinheiro suado, o nosso dinheiro
suado, ele construiu um castelo avaliado em aproximadamente 30 milhões de reais.
Nada mais justo que alguém levar uma vida de rei num país onde há 190 milhões
de bobos da corte.
Não poderia encerrar esse texto sem parabenizar o pessoal do
circo. O circo da alegria, da emoção e da força de vontade. Parabenizo a todos
pelo lindo trabalho o qual admiro e dedico esse espaço.
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